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Lugar ao Som

sábado, outubro 07, 2006

Em homenagem a Georges Brassens

"La ballade pour les gens qui sont nés quelque part"



O bebé Georges
Nascido a um Sábado,em 22 de Outubro de 1921, filho de Jean Louis (pedreiro) e de Elvira (lavadeira de roupa) no bairro de Cette ( que passará a Sète), no 54 da rue de l'Hospice ( que se tornará "Henri Barbusse" ). Estas mudanças viriam a ser fontes de inspiração para uma das suas canções.



A mãe era de origem napolitana, muito piedosa e já tinha uma filha do primeiro casamento, Simone, a meia-irmã de Georges.
O pai Jean Louis era, pelo contrário, liberal e um anti-clerical declarado. Aceitando que o filho fosse baptizado, não assistiu, porém, à sua primeira comunhão.



Foi a mãe, viúva de guerra do pai de Simone, quem lhe suscitou a vocação de cantor. Havia comprado um gira-discos e passava os dias a cantar as árias à moda de Ray Ventura e clássicos do Jazz.
O pai ensaiá-lo-ia um pouco no exercício da sua profissão de pedreiro. Mas depressa se percebe que Georges não era dotado para tal actividade. Assim, Jean Louis não insistirá e deixá-lo-á seguir a sua vida ao lado da música, para a qual cedo foi despertado através da mãe.
Brassens não revelou grande inclinação pelos estudos. Nenhuma Disciplina lhe despertava interesse, a não ser o Francês. Um professor, André Roiton, incutiu-lhe o gosto pelos poetas e fê-lo descobrir Racine, La Fontaine et Corneille.
Mas, nessa época, Georges passava a maior parte do tempo na rua com os companheiros.

Nos anos 38/39, Brassens sofre a influência das vagas de Jazz and Blues, sentindo-se cada vez mais atraído por essas correntes musicais. É igualmente o período de Ray Ventura por quem se sentia uma forte admiração.
As músicas sóbrias de Brassens eram um exercício voluntário. Preferia não mascarar os textos sob orquestrações muito pesadas.


No pós-guerra e durante o seu período de "vacas magras", colaborou com o " Libertaire", jornal anarquista, sob os pseudónimos de "Jo la Cédille". "Pépin Cadavre" ou "Gilles Corbeau".

Esse livro seria publicado mais tarde, em Outubro de 47 , com o título mais anódino de "La lune écoute aux portes" .

Em 1942 Brassens publica, à sua conta, um livro de poemas , "A la venvole". À época tem apenas 21 anos e o dinheiro para esta edição de autor é recolhido entre os amigos e a família, tendo saído apenas umas dezenas de exemplares desta recolha de 13 poemas que teve, naturalmente, uma reduzida difusão.

A 6 de Março de 1952, Brassens consegue através de amigos uma audição no cabaret de Patachou. Encadeia todos os títulos que escrevera na Alemanha (Le gorille, la mauvaise réputation, la chasse aux papillons ...). Patachou fica entusiasmada com o que ouve e propõe-lhe começar logo no Sábado seguinte, 8 de Março.


Brassens, que teria preferido fazer cantar as suas canções por outros que não ele próprio, inicia-se contra a vontade como intérprete. Patachou entusiasma-o tanto quanto Georges permite, tentando convencê-lo que só ele mesmo poderá cantar os seus textos. Na verdade, não haveria muitos capazes de interpretar "Le Gorille" perante uma plateia estupefacta. Actuando depois de Raymond Devos, no final da noite, Brassens constrói, pouco a pouco, a sua reputação graças ao boca-a-boca dos corajosos que ficavam até às 2 horas da manhã para o escutarem. E quatro dias depois, o "France Soir" titula: "Patachou a découvert un poète".

Iniciava-se a "carreira de Georges Brassens". .


Ainda em 1952, faz a sua primeira tournée com Pierre Nicolas e Patachou que o tomou definitivamente sob a sua protecção.


Em 47, Georges Brassens conheceu Joha Heinman, uma actriz originária da Estónia que será a sua companheira até ao fim da vida. De acordo com a mania que ele tinha, Joha logo teve uma alcunha, "Puppchen", ( "bonequinha" em alemão).
Viverão toda a vida em casas separadas, aplicando à letra as regras de vida que Brassens viria a descrever mais tarde em "La non-demande en mariage".

Brassens e a sua Puppchen.

E eis a foto que tanta gente quer ver ( Obrigado à Remy!)
Os 3 monstros sagrados da canção francesa da época, Brassens, Brel e Ferré.
Num estúdio da RTL durante a emissão de uma conversa entre os três em 6 de Janeiro de 1969.



A 16 de Janeiro de 1963 sofre a primeira intervenção cirúrgica aos rins. Desde 1946 que Brassens sofre de cólicas nefréticas que lhe tornam a vida (e os concertos) insuportáveis.
É frequentemente necessária a administração de injecções que lhe permita aguentar as 2 horas normais de um concerto.
Finalmente, Quinta-feira 29 de Outubro de 1981 às 23h15, Georges Brassens morre em Saint Gély du Fesc em casa do seu amigo, lo Dr.Maurice Bousquet. Há vários meses que se encontrava muito fraco, a tal ponto que um despacho da France Press o anunciaria, mesmo, morto com algumas semanas de antecedência. A essa notícia, ainda respondera muito ironicamente: " É um pouco exagerado !".
Desde Maio que Brassens sabe que está à espera de um cancro generalizado. Uma última operação não permite irradicar a doença e a convalescença é longa e dolorosa. Durante o verão, regressa a Sète.
E a 29 de Outubro de 81, Brassens "casse sa pipe" como titularia o jornal "Libération".
Não foi sepultado no cemitério "Paul Valéry", mas sim no menos afamado "Le Py",no jazigo da família Brassens-Dagrosa.


Tradução e adaptação de Jorge G

Posted by Jorge P. Guedes : sábado, outubro 07, 2006 : 8 Comments

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