"J'avais l'oeil du berger mais le coeur de l'agneau..." - Brel
1932 - Jacques, ses parents et son frère aîné Pierre
La vie de Jacques Brel fut une grande aventure. Il vécut intensément, au gré de ses sentiments, de ses révoltes et de ses passions.Sa trajectoire croisa, le temps d'une chanson ou d'un film, des mythes toujours actuels tels que la réussite, l'aventure, l'amitié, le rêve…
Fils de bourgeois, Jacques Brel fut respectivement fantaisiste, auteur, compositeur, interprète, pilote, navigateur, comédien, acteur, réalisateur, frère, mari, père de trois filles, ami d'un jour ou de toujours pour un public encore fidèle.
Quand Jacques Brel disparut, ce fut comme s'il emportait un peu de ce possible qui sommeille en chacun de nous.
L'enfance fut pour Jacques Brel la période la plus importante. Il la chantera dans plusieurs de ses chansons. Son enfance ne fut pas malheureuse. Mais il évoqua souvent son ennui de petit garçon hypersensible dans un monde d'adultes qui semblaient un peu trop l'ignorer. Il posa rapidement sur le monde des grands des regards étonnés et interrogatifs. Il s'inventa mille voyages qu'il se jura de réaliser plus tard.
Jacques Brel eut avec sa mère des rapports empreints d'une grande tendresse.
Il était fasciné par sa générosité et hérita de son sens de la fête. Leurs farces et éclats de rire animaient la maison et coloraient un quotidien un peu trop morose à leur goût.
1929 :
Jacques Brel naît le 8 avril à Bruxelles.Débarque à Paris avec sa guitare et ses premières chansons sous le bras.
1953 :
Enregistre son premier disque à Bruxelles où figurent 2 titres: "La Foire" et "Il y a".
1954 :
Passe dans différents cabarets parisiens: "L'Echelle de Jacob" et "Les 3 Baudets". Enregistre son premier 33 tours "Grand Jacques". Premier passage à l'Olympia.
1956 :
Création de "Quand on n'a que l'amour". Rencontre François Rauber
1957 :
Reçoit le prix Charles Cros. Rencontre Gérard Jouannest.
1959 :
Passe à Bobino en vedette. Création de "La valse à mille temps" et "Ne me quitte pas".
1961 :
Passe à l'Olympia en vedette. Création de "Le Moribond", "Les Bourgeois". Rencontre Jean Corti, son accordéoniste.
1964 :
Passage à l'Olympia en octobre. Création de "Jef", "Amsterdam", "Mathilde", "Le Dernier Repas".
1966 :
Dernier passage à l'Olympia. Création de "Mon enfance", "La chanson des vieux amants" et "Le cheval".
1967 :
Création à New-York du spectacle "Jacques Brel is alive and well and living in Paris".
1968 :
Représentation de "L'homme de la Mancha" à Bruxelles au Théâtre Royal de la Monnaie. Création de "J'arrive", "Vesoul". Tourne "Les risques du métier" et "La bande à Bonnot".
1969 :
Représentation de "L'homme de la Mancha" au théâtre des Champs-Elysées. Tourne "Mon oncle Benjamin".
1970 :
Tourne "Mont-Dragon".
1971 :
Tourne "Les assassins de l'ordre", "Franz" et "L'aventure c'est l'aventure".
1972 :
Tourne "Le bar de la fourche" et "Far-West".
1973 :
Tourne "L'emmerdeur".
1974 :
Quitte l'Europe à bord de son voilier "L'Askoy".
1975 :
Traverse le Pacifique vers la Polynésie
1976 :
S'installe sur l'île d'Hiva Oa dans l'archipel des Marquises.
1977 :
Rentre à Paris pour enregistrer son dernier disque.
1978 :
Meurt le 9 octobre d'un cancer au poumon, à Bobigny, dans la région parisienne. Est enterré sur l'île d'Hiva Oa.
Jorge G. 16.09.2006
Parte superior da estátua dedicada a Freddie em Montreux (Suiça) (foto pessoal reduzida a 25%)
Não fora a minha visita a um blog amigo, o "Sons e Rascunhos", e ter-me-ia passado.
Ontem, Mercury entraria no grupo dos sexagenários. O grande "performer", o homem que reinventava as canções em palco, deixou-nos cedo e a Música e o Espectáculo ficaram naturalmente empobrecidos com a partida de um dos seus melhores mensageiros.
THE SHOW MUST GO ON, FREDDIE !
SO LONG, CHUM !
Jorge G. 06.09.2006
O Conde Nino (Romance recolhido no séc. XIX)
Vai o Conde, Conde Nino
Seu cavalo vai banhar,
Enquanto o cavalo bebe
Cantou um lindo cantar.
- Bebe, bebe meu cavalo
Que Deus te há-de livrar
Das desgraças deste mundo
Dos trabalhos d’além mar.
- Acorde oh! linda princesa
Ouve tão doce cantar:
Ou são os anjos do céu
Ou a sereia do mar.
- Não são os anjos do céu
Nem a sereia no mar:
É o Conde, Conde Nino
Que contigo quer casar.
Palavras não eram ditas
El-rei de lá a bradar:
- Se ele quer casar contigo
Vou mandá-lo já matar.
Quando lhe deres a morte
Manda-me a mim degolar
Que me enterrem mais a ele
Ambos ao pé do altar.
Morreu um e morreu outro
Foram ambos a enterrar:
De um nasceu um pinheirinho
E do outro um pinheiral.
Cresceu um, cresceram outros
As pontas foram juntar,
Ia o rei para sair
Não no deixaram passar.
O rei então de zangado
Logo os mandava cortar.
Dum correram águas claras
Do outro sangue real.
Num apareceu uma pomba
No outro um pombo trocal.
Estava el rei em palácio
No ombro lhe iam poisar.
-Mal hajam tanto querer
E mal haja tanto amar.
Nem na vida nem na morte
Eu os pude separar.
Luis Cília nasceu no Huambo ( Angola ), em 1943. Veio para Portugal em 1959,para prosseguir os seus estudos. Em 1962 conheceu o poeta Daniel Filipe que o incentivou a musicar poesia. Datam desse ano as suas primeiras experiências nesse campo ( "Meu país", " O menino negro não entrou na roda" ,etc.), mais tarde incluídos no seu primeiro disco, gravado em França, para a editora Chant du Monde.
Em Abril de 1964 partiu para Paris,onde viveu até 1974.
Em França estudou guitarra clássica com António Membrado e composição comMichel Puig.
Entre 1964 e 1974 realizou recitais em quase todos os países da Europa.
Depois do seu regresso a Portugal continuou a gravar discos, como compositor e intérprete e a realizar recitais.
Como intérprete, gravou dezoito discos, alguns dos quais dedicados a poetas como Eugénio de Andrade ("O peso da sombra") Jorge de Sena ("Sinais de Sena"), ou David Mourão Ferreira ("Penumbra").
Nos últimos anos tem-se dedicado apenas à composição, nomeadamente para Teatro, Bailado e Cinema.
VIda e Obra
1943 -Luís Fernando Castelo Branco Cília, nasce em Huambo, Angola.
Vive parte da sua vida de estudante em colégios internos, por ser filho de pais separados. Trava conhecimento no internato com o poeta Daniel Filipe que lhe mostra discos de Leo Ferré e George Brassens ( que se referiu mais tarde a Cília como " un compagnon d'abord" ) o que o leva a inflectir de tipo de opção musical.
Participa nas lutas académicas de Coimbra, ou como ele refere com modéstia "era mais um que estava na cantina… sem que tivesse participação de realce", mas o que é certo é que foi nessa altura aberto o seu processo na PIDE.
Frequenta “Económicas” mas sem ligar muito às aulas.
Integra as equipas de futebol e de basquetebol.
Decide abandonar o país. Sai de Portugal no ano seguinte, acompanhado por um militar desertor e a esposa deste a "bordo" de um Fiat 500.Vai para Paris onde chega a 1 de Abril. Aí trava conhecimento de imediato com políticos, poetas e músicos, com realce para a cantora Collete Magny a qual o irá apresentar à editora do seu primeiro disco: a "Chant du Monde".
Grava o LP "Portugal-Angola: Chants de Lutte" e nesse mesmo ano conhece Adriano Correia de Oliveira e Manuel Alegre (quando este vai para Paris).
As suas primeiras músicas são feitas com total desconhecimento da obra de José Afonso ou de Adriano.
Trabalha na União dos Estudantes Franceses, "(…) era o tipo que tirava lá cópias (…)".
Trava conhecimento com grandes expoentes da música francesa como George Brassens, o qual é o seu "padrinho" quando se inscreve na Sociedade dos Autores, em França.
Posteriormente conhece o músico espanhol Paço Ibañez, de quem se tornou muito amigo e companheiro nos espectáculos profissionais e nos de pura militância, para sindicatos, associações e partidos.
Edita o EP "Portugal Resiste" e faz a música do filme "O Salto".
Vai a Cuba. Actua no festival ( tocando em frente de Fidel Castro). Conhece Carlos Puebla e traz clandestinamente de Cuba as bobines da canção de Carlos Puebla "Hasta Siempre", as quais possibilitarão a divulgação desta canção na Europa.
Edita a trilogia de discos para editora EMEN, "La poesie portugaise de nos jours e de toujours 1, 2, e 3".São discos posteriormente reeditados em CD em 1996, em França.
Participa activamente no Maio de 68, realizando espectáculos de apoio ao lado de Paco Ibañez e de Collete Magny.
Durante finais dos anos sessenta e início da década de setenta, realiza espectáculos por toda a Europa: Inglaterra, Itália, Suíça, Espanha, etc. Neste país quase que é "apanhado" pois realizou um espectáculo em Santiago de Compostela e o Cônsul Português solicitou a sua detenção. Paga uma multa e são suspensos os espectáculos seguintes.
Em 1969 é expulso do PCP clandestino em França, pois recebia em casa amigos de outras convicções políticas. O que ele nunca deixará de fazer porque eram seus amigos.
Em 1971 o núcleo do PCP de Paris, verificando o erro cometido, pede-lhe desculpas pelo incidente de dois anos antes.
Em 1972 actua no primeiro comício do PS em França ao lado de José Mário Branco, não sem antes colocar certas condições tendo em conta que era militante de um outro partido.
Em 1973 o "Avante", canção de Luís Cília, é hino oficial do PCP, em Aveiro. Em entrevista à rádio Portugal Livre, Luís Cília explica " … o Avante não começou por ser hino coisa nenhuma" - diz-nos - "foi de resto o Carlos Antunes que me pediu para fazer uma música para passar na rádio. E eu fiz, escrevi essa música, dei a partitura e a letra e nunca mais pensei nisso, não gravei e nem sequer era cantada por mim…"
Actua neste ano no Festival da Juventude na ex-RDA.
Edita "Contra a Ideia da Violência a Violência da Ideia" em clara homenagem a Amílcar Cabral, então assassinado.
Reedita o seu primeiro disco mas agora acompanhado por contrabaixo, com o novo título de "Meu País".
No 25 de Abril de 1974 regressa a Portugal, no mesmo avião em que também regressam Álvaro Cunhal e José Mário Branco.
Luís Cília ainda irá assegurar por algum tempo compromissos profissionais em França, não se estabelecendo completamente em Portugal.
Jorge G. 02.09.2006